Para convidada, R$ 160. Para noiva, R$ 480. Esses foram os preços que a esteticista Bruna Eloísa relatou ter encontrado enquanto buscava uma profissional para fazer a maquiagem de seu casamento. Frustrada com a diferença nos valores, a noiva decidiu mentir para uma maquiadora para conseguir um serviço mais barato, mas acabou sendo acusada de golpe pela profissional.

Em um vídeo que alcançou 6,4 milhões de visualizações no TikTok, a noiva compartilhou a saga para encontrar um serviço com preço acessível. Bruna conta que queria apenas uma “make social”, sem a produção que acompanhava os pacotes específicos para noiva. Segundo a esteticista, a profissional que ela contratou a questionou sobre a ocasião em que ela usaria a maquiagem apenas no dia do serviço. Com medo do valor mudar em cima da hora, Bruna decidiu negar ser uma noiva.

Contudo, após se deparar com as fotos da cliente vestida para o casamento, a maquiadora mandou uma mensagem a acusando de ter aplicado “o maior golpe da vida dela”.

"Ela fez uma maquiagem normal em mim. O tempo que ela ia gastar com uma cliente 'qualquer' que fosse para qualquer outro evento. Então, não gastou mais tempo comigo, não gastou mais produto comigo, foram os mesmos", alegou Bruna em defesa de sua postura.

A maquiadora Jay Abrantes, responsável pelo serviço, compartilhou um vídeo com sua versão sobre o acontecimento. “Não pode pagar pacote de noiva? Eu não obrigo, mas eu não posso dar as mesmas regalias. O maior problema aí foi a mentira, que ela disse que era um batizado”, comentou. Procurada por PEGN, a profissional não retornou até a publicação deste texto.

O caso gerou debate das redes. Enquanto alguns usuários defenderam a maquiadora, outros se mobilizaram em defesa da cliente: “Se quero uma maquiagem social, com essa maquiagem vou para onde quiser, não devo satisfações”, escreveu uma usuária.

É permitido cobrar preços diferenciados para noivas?

Segundo Carolina Vesentini, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), não deve haver distinção na cobrança do preço de um serviço apenas por se tratar de uma noiva. Nesse sentido, Vesentini aponta que a diferenciação de valores é justificável somente quando se trata da oferta de um serviço diferente.

“O salão pode estabelecer um preço mais elevado para o pacote de noiva, que geralmente oferece benefícios como intervalos para lanches e maquiagem de maior durabilidade. No entanto, é proibido impedir que a cliente opte por uma maquiagem mais simples e econômica, mesmo que seja para o seu casamento”, aponta a especialista do Idec.

Gabriel Andrade, advogado especialista em direito do consumidor, ressalta que a atitude da cliente não configura golpe. “A noiva solicitou uma maquiagem social, recebeu uma maquiagem social e pagou pela mesma. Com isso, não houve nada errado, juridicamente”, explica.

Andrade ainda destaca que o Código de Defesa do Consumidor aponta como abusiva a prática de exigir que a noiva contrate apenas o pacote de noiva, impedindo a cliente de escolher um serviço diferente ou mais barato.

Fonte: Revista PEGN