A Prefeitura de Belo Horizonte vai começar, na próxima sexta-feira (1º), o plantio de árvores definido como medida compensatória pela supressão de 63 plantas para a realização de uma etapa da Stock Car na capital. Os cortes começaram nesta quarta-feira (28).

De acordo com o município, 688 árvores serão plantadas antes do evento, previsto para os dias 15 a 18 de agosto. Todas, na Região da Pampulha.

"A partir de sexta-feira, a Sudecap iniciará o plantio de 63 novas plantas. Inclusive, todos esses plantios serão na Região da Pampulha, na [avenida] Presidente Carlos Luz, ao lado da UFMG, ao lado praticamente do circuito", disse o secretário municipal de Meio Ambiente, José Reis.

Segundo ele, todas as árvores terão tamanho mínimo de 2,5 metros. A empresa responsável pela realização da Stock Car vai fazer a manutenção das mudas por cinco anos.

Outros 120 espécimes serão plantados pela Minas Arena, administradora do Mineirão. A estrutura do estádio será utilizada durante a competição.

Manifestação

Na tarde desta quarta, manifestantes protestaram contra a supressão das árvores, em frente à prefeitura. Entre as 63 plantas que serão derrubadas, há seis ipês-amarelos, declarados imunes de corte pela legislação estadual.

Uma representação contra a derrubada das árvores também foi apresentada à Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

Impactos na UFMG

Nesta quarta-feira (28), a reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou uma nota em que "manifesta grande preocupação com a condução do processo de organização" da Stock Car em Belo Horizonte.

"A UFMG compartilha das preocupações da sociedade em relação à discussão pública e aos impactos previstos na vida não apenas das pessoas e animais da região, mas de toda a cidade de Belo Horizonte. Nesse sentido, ressalta a inadequação do local proposto para um evento dessa natureza e a necessidade de se considerar opções disponíveis", diz um trecho do documento.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida e o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira ainda afirmaram, na nota, que "a instituição tem ciência de que os impactos do evento na UFMG serão enormes, afetando não apenas as unidades mais sensíveis, como a área hospitalar na qual se localiza o Hospital Veterinário, os biotérios de criação de animais, a Estação Ecológica e o Centro Esportivo Universitário, bem como todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade".

A Congregação do Instituto de Ciências Exatas da UFMG também publicou uma nota à comunidade em que relata "severas preocupações em relação às intervenções e aos impactos causados à comunidade universitária devido às intervenções que estão sendo realizadas".

O presidente da Congregação, Francisco Dutenhefner, citou os ruídos provocados pelos carros, impactos ao Hospital Veterinário e reflexos ambientais para a região.

"Dadas essas preocupações, a Congregação do Instituto de Ciências Exatas é contrária às intervenções e à realização do citado evento no entorno do Campus da Pampulha até que a UFMG conclua os estudos técnicos que estão sendo realizados para verificar os impactos do evento", diz um trecho da nota.

Segundo o superintendente de Desenvolvimento da Capital, Henrique Castilho, serão instaladas barreiras de som para minimizar os efeitos da corrida no campus.

"Foi contratado um especialista em acústica para que faça um projeto de acústica, que não vai deixar o som passar para os locais", afirmou.

Entenda

Em dezembro de 2023, a prefeitura fechou um acordo com a empresa organizadora da Stock Car para que BH receba, por cinco anos consecutivos, uma edição anual da competição.

Já na última semana, o Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam) aprovou a supressão de 63 árvores no entorno do Mineirão para a realização da corrida.

Fonte: G1